domingo, 4 de março de 2012

BIOS,PSYCHÉ E ZOÉ

Estas três palavras gregas ocorrem na Septuaginta, e podem ser traduzidas por ¨vida¨,mas com conotações várias e que podem modificar profundamente o sentido. Bios é o vocábulo para designar a vida em geral. Poderíamos dizer que o bios pode ser mineral, vegetal e animal. Psyché é ,geralmente, traduzido pela Vulgata Latina por anima, tanto no sentido puramente vital, como também no sentido espiritual. Quem quiser salvar a sua anima(psyché), perdê-la-á; mas ¨quem a perder por causa de mim, salvá-la-á--nesse contexto a palavra anima significa a psyché vital, a vida física. ¨Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se chegar a perder a sua própria anima(psyché)? Aqui a anima é a alma espiritual. Zoé, embora possa expressar outras formas de vida, é, de preferência, usado pelos livros sacros do Novo Testamento para designar a vida divina ou espiritual do homem. O próprio Cristo se identifica com a Zoé: Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida( Zoé)¨. O Gênesis afirma que os Elohim insuflaram na face de Adam o pnoé, o sopro, e com isto se tornou ele uma psyché zosan (uma anima vivente). O Gênesis parece pois supor que o homem já era uma psyché, mas não uma psyché zosan. Zosan é o adjetivo de Zoé. A insuflação divina da Zoé tornou o homem uma psyché espiritualmente viva, um ser espiritual, quando ele já era um ser vital. O vocábulo grego pnoé, aqui usado, é reproduzido pela Vulgata por spiraculum, derivado de spiritus. A palavra pneuma, em latim spiritus, tem sentido abstrato divino; pnoé é o espirito divino quando imanente numa criatura, o espirito em forma individual. O Gênesis, como já observaram Santo Agostinho, Teilhard de Chardim e outros, não supõe que os Elohins tenham insuflado o seu espirito a um pedaço de terra morta, como pensam certos teólogos, mas sim a uma substância viva, que a Septuaginta chama chous, e a Vulgata designa por limus. O espirito dos Elohim foi insulflado a um organismo vivo. Chous, limus representam um elemento terrestre, mas em estado orgânico, concordando com as palavras posteriores do Gênesis: que o homem, pela infusão do espirito, se tornou um ser espiritualmente vivo, participante da vida divina. Através de todos os livros sacros ocorre a expressão ¨vivo¨ no sentido de espiritualmente vivo. Os Elohim advertem a Adam que, se ele comer do fruto proibido, morrerá mas ele, depois de comer, viveu ainda séculos; por sinal que essa morte não significa um processo fisico, mas sim metafisico, a perda da imortalidade corporal, por falta de uma vida superior. O pai do filho pródigo diz que seu filho estava morto, e ficou vivo, isto é, reviveu espiritualmente, depois de estar espiritualmente morto. Jesus recomenda ao jovem que, antes de o seguir, quer sepultar seu pai falecido: ¨Deixa os mortos sepultar os seus mortos¨, deixa que os espiritualmente mortos sepultem os fisicamentes mortos. Moisés se serve da mesma linguagem quando fala de Adam (Adão), que, só pela insuflação do sopro divino, se tornou espiritualmente vivo, quando, antes disto, era apenas materialmente vivo. Quando Adam perdeu a consciência dessa Zoé espiritual, continou com o seu Bios animal e até com a sua Psyché mental. O homem materialmente e mentalmente vivo pode estar espiritualmente morto. ¨Eu vim para que os homens tenham a vida, e a tenham na maior abundância¨-estas palavras de Jesus fazem nítida distinção entre o Bios e a Psyché do ego e a Zoé do Eu. O homem que já atravessou a hilosfera, e estava na biosfera, e, quiçá, na noosfera, teve o seu inicio na logosfera pela insuflação do sopro da vida divina. (Pastor Marcos Moura)

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