segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

DA CRENÇA PARA A EXPERIÊNCIA

Até o fim da Idade Média, prevalecia na cristandade o periodo da crença em Deus, na imortalidade, no Cristo, no mundo espiritual. Com o fim da Idade Média, grande parte da cristandade e da humanidade ocidental abandonou a crença, e, com o inicio da Renascença, muitos proclamaram a ciência como elixir da felicidade. A crença que é um ato de boa vontade, foi substituida pela ciência, que é um ato da inteligência. Hoje, porém, após quase cinco séculos de Renascença, e no apogeu da ciência, a nova humanidade está iniciando o terceiro estágio da sua evolução ascepsional, para além da crença e da ciência- rumo à experiência de Deus e do mundo invisivel. Se a crença foi um ato de boa vontade, e a ciência um ato da inteligência - a experiência é o despertar da razão, do Logos, do Cristo. A crença corresponde à infância. A ciência é da adolescência. A razão é da maturidade. O grosso da humanidade continua no periodo da crença, porque a imensa maioria do gênero humano se acha ainda no plano da infância espiritual, em que a única atitude é a de crer em Deus e no mundo espiritual. Nem é provável que, em tempo previsivel, haja uma humanidade que consiga ultrapassar o estágio da crença, uma vez que a evolução progride com passos minimos em espaços máximos. Para esta humanidade, a crença é necessária, porque é um freio disciplinar para conter o homem dentro de certos limites de moralidade. Apenas uma pequena elite da humanidade acidental conseguiu ultrapassar a crença baseada em testemunhos alheios e entrar na experiência própria de Deus e do mundo invisivel. Os que perdem a crença sem atingirem a experiência caem facilmente na descrença. A elite dos experientes sabe que essa experiência do mundo superior não é um ato transitório, mas uma atitude permanente do homem, uma abertura ou receptividade em face do mundo superior. Para ter experiência da Realidade invisivel, deve o homem ser invadido pela unção do Espirito, que é Deus. Esta disponibilidade espiritual do homem consiste num total ego - esvaziamento, que chamamos de graça. A verdadeira meditação é indêntica a esse ego - esvaziamento. É na linguagem dos Mestres, é um egocidio voluntário, após o qual nasce na alma o Cristo, ou o Reino de Deus. Esta experiência gera absoluta certeza de Deus e da imortalidade, certeza essa que transforma toda a vida individual e social do homem. O  homem que não tem experiência de Deus e da imortalidade não realizou o destino da sua existência.

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