Amou-nos, e ama-nos, não apenas de homem a homem, na horizontal da ética humanitária, filantrópica - mas ama-nos via Deus, de homem a homem através de Deus, pela vertical da mística. Conhecido era o modo de amar o homem éticamente - desconhecido ou conhecido de poucos, era o modo de amar a seu semelhante mística-éticamente. Quem julga que o Cristianismo genuino seja um sistema ético de doutrinas não pode compreender êsse ¨novo mandamento ¨.Na realidade, porém, é o Cristianismo muito mais uma experiência mística do que uma vivência ética, ainda que aquela se revele invariàvelmente na forma desta. A alma do Cristianismo é divinamente espiritual, embora o seu corpo seja humanamente ético. Querer reduzir o Cristianismo a um simples agir ético em vez dum modo-de-ser espiritual é, talvez, uma das mais funestas heresias dos nossos tempos. A palavra ¨amor¨ é, sem dúvida - a mais usada - e a menos compreendida em tôdas as linguas do mundo. Os gregos distinguiam três tipos de amor: éros, filia e agápe. Eros (erótica) era o amor criador dos sexos, cujo aspecto fisico é a libido, mas que em seu radical é metafisico, como desejo de reintegração do onèr (homem) e da gyné (mulher) no ánthropos (ser humano como tal) . Filia era o amor de amizade, puramente ético-emocional. Agápe era o amor espiritual que a criatura tem para com seu Criador. O amor de que Jesus fala não é, certamente, éros, nem é somente filia, mas é filia radicado em agápe ou seja, ética com base no espiritual.
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